“Sexta-Feira Santa"
Recordar a morte e Ressurreição de Cristo nos ritos do Tríduo Pascal, significa viver em profunda e solidária adesão ao hoje da história, convencidos de que aquilo que celebramos é realidade viva e atual. A liturgia da ação litúrgica da sexta-feira santa deve ser permeada pelo silêncio rico de oração. Diz o Papa Bento XVI que:"Nós sabemos que o ódio, as divisões e as violências nunca têm a última palavra nos eventos da história. Esses dias reanimam em nós a grande esperança: Cristo crucificado e ressuscitado venceu o mundo. O amor é mais forte do que o ódio. Venceu, E devemos associar-nos a esta vitória do amor. Devemos então partir novamente d’Ele para construir um mundo fundado sobre a paz, sobre a justiça e sobre o amor ".
Por isso nestes dias do Tríduo Pascal nos estamos seguindo os passos do Senhor mais detidamente que na Quaresma. O Tríduo Sacro é um grande drama, uma grande encenação para que possamos reviver o sofrimento do Senhor Jesus. Tendo celebrado a instituição da Eucaristia, do sacerdócio ministerial e do sacramento do amor, a Igreja somente voltará a celebrar a missa na vigília pascal do Sábado Santo, não havendo portanto missa na sexta-feira santa.
Assim, hoje celebramos a chamada Ação Litúrgica, com as leituras próprias, o quarto canto do servo de Javé, o justo que morreu pelo povo(cf. Is 52,13-53,12), a leitura da carta aos Hebreus que relata que Jesus viveu a profundeza da desolação humana, mas por sua obediência foi atendido por Deus e a narração da Paixão de Jesus Cristo segundo João.
Portanto, a Primeira Leitura deste Rito(cf. Is 52,13-53,12), mostra que a jovem Igreja que encontrou o fio escondido com a existência de Jesus revelou e levou ao fim: a doação da vida do justo, pela salvação dos irmãos, mesmo dos que o rejeitaram. Como ensina a Leitura de São Paulo aos Hebreus(cf. Hb 4,14-16;5,7-9), Jesus participou em tudo de nossa condição humana, menos no pecado. Ressalta que sua existência não foi alheia à nossa como a de um anjo. Jesus teve de descobrir continuamente, como cada um de nós, o sentido de sua existência, embora a vivesse de modo divino, em contínua união com o Pai. Jesus considerou pela sua experiência íntima com o Pai, a experiência dos “pobres de Deus”, do profeta rejeitado e do justo sacrificado pelos seus irmãos, e assumiu-a, em obediência até o fim ao projeto do Pai.
Estamos diante do despojamento do Cristo e da sua verdadeira humanidade que é necessária para compreender a criptologia da glória no relato da Paixão de Jesus segundo São João(cf. Jo 18,1-19,42). O Apóstolo amado mostra o sofrimento do Cristo fortemente à luz da fé pós-pascal. Mas nem por isso nega a dimensão trágica da experiência humana de Jesus. É no abismo do sofrimento total de Jesus que realiza a realidade da revelação da glória de Deus, que é amor incomensurável. Estamos diante da majestade de Jesus na hora de sua prisão, na calada da noite; a ironia em redor do “rei dos judeus” que Pilatos declara, formalmente, ser Jesus; o sentido do Reino de Jesus; e a cena de sua morte, fonte de Espírito e de vida plena, doada. O Cristo da Paixão é parecido com aquele Cristo vestido de traje sacerdotal ou real, coroado do diadema imperial.
Sabemos que daqui a pouco, depois de termos ouvido estas narrações, teremos a veneração da Cruz gloriosa, quando queremos com a Igreja do Mundo inteiro rezar pelo Sumo Pontífice Bento XVI, pelo nosso Bispo Diocesano Dom Frei Diamantino Prata de Carvalho, OFM, pelo colégio dos Bispos e por todo o clero, pelos leigos e pelos catecúmenos; pela unidade dos cristãos, pelos judeus, pelos que não crêem no Cristo, pelos que não crêem em Deus, mas manifestam boa vontade, pelos poderes públicos e por todos os que sofrem provações.
Tendo acolhido a todos no amor reconciliador de Cristo, a Mãe Igreja enaltece a árvore da vida, que floriu e deu fruto, restituindo o paraíso à humanidade. É o rito da glorificação e da adoração da Cruz, seguido do ósculo.
Meus caros irmãos,
Jesus morre no momento em que, no templo, se imolam os cordeiros destinados à celebração da Páscoa. A sua imolação é uma imolação “real”, um sacrifício realizado uma vez por todas, porque a vítima espiritual” tornou inúteis as vítimas materiais.
As pernas de Jesus não são quebradas, em conformidade com as prescrições rituais(cf. Ex 12,46); do seu lado transpassado jorra o sangue, com o qual são misteriosamente assinalados os que pertencem ao novo povo, aqueles que Deus salva(cf. Ex 12,7.13). Cristo crucificado é, pois, o “verdadeiro Cordeiro pascal”: ele é a nossa Páscoa imolada(cf. 1Cor 5,7). “Verdadeiro”, porque é a realidade daquilo que os sacrifícios antigos exprimiam: a salvação recebida e esperada, a aliança com Deus e a inserção em seu desígnio.
O dramático diálogo com Pilatos mostra Jesus silencioso, enquanto a autoridade, neste momento a serviço do pecado do mundo que cega o povo, decide sua morte e o condena.
Não seria completa a compreensão do mistério de Jesus se não contemplássemos também, como o Apocalipse de João, o Cordeiro glorioso, que está diante de Deus com os sinais de suas chagas, dominador do mundo e da história; o Cordeiro que se imolou por amor da Igreja e para o qual a Igreja tende, cheia de amor. Na cruz se iniciaram as núpcias do Cordeiro, que terão sua realização plena na festa do céu(cf. Ap 19,7-9).
Caros fiéis,
Nesta sexta-feira santa, dia em que a falsidade matou Cristo, nós vislumbramos o mistério da Páscoa com a sua Ressurreição.
Quantos fiéis somente estão preocupados com a Paixão e a Morte de Cristo e não o querem vivo e ressuscitado em nosso meio? Como celebrar a Páscoa quando percebemos que há falsidade dentro das pessoas? Como celebrar a Páscoa se você em atos e palavras não for límpido como uma manhã de sol?
Nesta sexta-feira a NOSSA INJUSTIÇA MATOU O CRISTO. Somos, portanto, convocados a substituir a INJUSTIÇA PELA JUSTIÇA.
Neste dia trágico a nossa traição matou o Cristo. Somente venceremos a traição com o amor que Deus tem por cada um de nós que precisa de uma resposta de amor, quando substituímos a indiferença pelo amor. Somente será páscoa se nossos atos, pessoais e sociais, nascerem do amor e frutificarem amor.
Nesta sexta-feira santa desfiguramos o rosto de Jesus Cristo, Filho de Deus. Mas começa a ser Páscoa mas quando você percebe que você e seus irmãos não vivem como pessoas humanas, imagens e semelhança de Deus. Somente será Páscoa plena quando todos substituírem a ganância pela doação, o menosprezo pelo respeito, a espoliação pela partilha fraterna.
Neste dia de luto e de tristeza que deve ser substituído pela alegria do Ressuscitado.
Os caminhos deste dia bifurcam no caminho do Calvário.
Irmãos e Irmãs,
Finalmente, nós nos atreveremos a comer do fruto da árvore, o Pão vivo descido do céu, a sagrada Comunhão como prolongamento da Missa da Ceia do Senhor, da instituição da Eucaristia, do sacerdócio ministerial e do dia do amor.
Que nós, vivendo esta ação Litúrgica, possamos atender o convite da Esposa, a Igreja, enquanto o Esposo, o Cristo, dorme, a permanecer com Maria junto do sepulcro, meditando a Paixão e a Morte do Senhor até que, após a solene Vigília em que espera a ressurreição, se entregue às alegrias da Páscoa, que transbordarão por cinqüenta dias.
Por isso já não somos impotentes diante do sofrimento e do mal. A solidariedade com Jesus e, através da sua Cruz, a solidariedade entre nós, pode fazer com que a Páscoa seja não apenas um rito anual, mas a segurança de uma Graça libertadora que nos será dada abundantemente, na medida do nosso compromisso com o caminho de Jesus, que é de libertação e de compromisso com a vida plena. Amém!
Por: Padre Wagner Augusto Portugal
Por isso nestes dias do Tríduo Pascal nos estamos seguindo os passos do Senhor mais detidamente que na Quaresma. O Tríduo Sacro é um grande drama, uma grande encenação para que possamos reviver o sofrimento do Senhor Jesus. Tendo celebrado a instituição da Eucaristia, do sacerdócio ministerial e do sacramento do amor, a Igreja somente voltará a celebrar a missa na vigília pascal do Sábado Santo, não havendo portanto missa na sexta-feira santa.
Assim, hoje celebramos a chamada Ação Litúrgica, com as leituras próprias, o quarto canto do servo de Javé, o justo que morreu pelo povo(cf. Is 52,13-53,12), a leitura da carta aos Hebreus que relata que Jesus viveu a profundeza da desolação humana, mas por sua obediência foi atendido por Deus e a narração da Paixão de Jesus Cristo segundo João.
Portanto, a Primeira Leitura deste Rito(cf. Is 52,13-53,12), mostra que a jovem Igreja que encontrou o fio escondido com a existência de Jesus revelou e levou ao fim: a doação da vida do justo, pela salvação dos irmãos, mesmo dos que o rejeitaram. Como ensina a Leitura de São Paulo aos Hebreus(cf. Hb 4,14-16;5,7-9), Jesus participou em tudo de nossa condição humana, menos no pecado. Ressalta que sua existência não foi alheia à nossa como a de um anjo. Jesus teve de descobrir continuamente, como cada um de nós, o sentido de sua existência, embora a vivesse de modo divino, em contínua união com o Pai. Jesus considerou pela sua experiência íntima com o Pai, a experiência dos “pobres de Deus”, do profeta rejeitado e do justo sacrificado pelos seus irmãos, e assumiu-a, em obediência até o fim ao projeto do Pai.
Estamos diante do despojamento do Cristo e da sua verdadeira humanidade que é necessária para compreender a criptologia da glória no relato da Paixão de Jesus segundo São João(cf. Jo 18,1-19,42). O Apóstolo amado mostra o sofrimento do Cristo fortemente à luz da fé pós-pascal. Mas nem por isso nega a dimensão trágica da experiência humana de Jesus. É no abismo do sofrimento total de Jesus que realiza a realidade da revelação da glória de Deus, que é amor incomensurável. Estamos diante da majestade de Jesus na hora de sua prisão, na calada da noite; a ironia em redor do “rei dos judeus” que Pilatos declara, formalmente, ser Jesus; o sentido do Reino de Jesus; e a cena de sua morte, fonte de Espírito e de vida plena, doada. O Cristo da Paixão é parecido com aquele Cristo vestido de traje sacerdotal ou real, coroado do diadema imperial.
Sabemos que daqui a pouco, depois de termos ouvido estas narrações, teremos a veneração da Cruz gloriosa, quando queremos com a Igreja do Mundo inteiro rezar pelo Sumo Pontífice Bento XVI, pelo nosso Bispo Diocesano Dom Frei Diamantino Prata de Carvalho, OFM, pelo colégio dos Bispos e por todo o clero, pelos leigos e pelos catecúmenos; pela unidade dos cristãos, pelos judeus, pelos que não crêem no Cristo, pelos que não crêem em Deus, mas manifestam boa vontade, pelos poderes públicos e por todos os que sofrem provações.
Tendo acolhido a todos no amor reconciliador de Cristo, a Mãe Igreja enaltece a árvore da vida, que floriu e deu fruto, restituindo o paraíso à humanidade. É o rito da glorificação e da adoração da Cruz, seguido do ósculo.
Meus caros irmãos,
Jesus morre no momento em que, no templo, se imolam os cordeiros destinados à celebração da Páscoa. A sua imolação é uma imolação “real”, um sacrifício realizado uma vez por todas, porque a vítima espiritual” tornou inúteis as vítimas materiais.
As pernas de Jesus não são quebradas, em conformidade com as prescrições rituais(cf. Ex 12,46); do seu lado transpassado jorra o sangue, com o qual são misteriosamente assinalados os que pertencem ao novo povo, aqueles que Deus salva(cf. Ex 12,7.13). Cristo crucificado é, pois, o “verdadeiro Cordeiro pascal”: ele é a nossa Páscoa imolada(cf. 1Cor 5,7). “Verdadeiro”, porque é a realidade daquilo que os sacrifícios antigos exprimiam: a salvação recebida e esperada, a aliança com Deus e a inserção em seu desígnio.
O dramático diálogo com Pilatos mostra Jesus silencioso, enquanto a autoridade, neste momento a serviço do pecado do mundo que cega o povo, decide sua morte e o condena.
Não seria completa a compreensão do mistério de Jesus se não contemplássemos também, como o Apocalipse de João, o Cordeiro glorioso, que está diante de Deus com os sinais de suas chagas, dominador do mundo e da história; o Cordeiro que se imolou por amor da Igreja e para o qual a Igreja tende, cheia de amor. Na cruz se iniciaram as núpcias do Cordeiro, que terão sua realização plena na festa do céu(cf. Ap 19,7-9).
Caros fiéis,
Nesta sexta-feira santa, dia em que a falsidade matou Cristo, nós vislumbramos o mistério da Páscoa com a sua Ressurreição.
Quantos fiéis somente estão preocupados com a Paixão e a Morte de Cristo e não o querem vivo e ressuscitado em nosso meio? Como celebrar a Páscoa quando percebemos que há falsidade dentro das pessoas? Como celebrar a Páscoa se você em atos e palavras não for límpido como uma manhã de sol?
Nesta sexta-feira a NOSSA INJUSTIÇA MATOU O CRISTO. Somos, portanto, convocados a substituir a INJUSTIÇA PELA JUSTIÇA.
Neste dia trágico a nossa traição matou o Cristo. Somente venceremos a traição com o amor que Deus tem por cada um de nós que precisa de uma resposta de amor, quando substituímos a indiferença pelo amor. Somente será páscoa se nossos atos, pessoais e sociais, nascerem do amor e frutificarem amor.
Nesta sexta-feira santa desfiguramos o rosto de Jesus Cristo, Filho de Deus. Mas começa a ser Páscoa mas quando você percebe que você e seus irmãos não vivem como pessoas humanas, imagens e semelhança de Deus. Somente será Páscoa plena quando todos substituírem a ganância pela doação, o menosprezo pelo respeito, a espoliação pela partilha fraterna.
Neste dia de luto e de tristeza que deve ser substituído pela alegria do Ressuscitado.
Os caminhos deste dia bifurcam no caminho do Calvário.
Irmãos e Irmãs,
Finalmente, nós nos atreveremos a comer do fruto da árvore, o Pão vivo descido do céu, a sagrada Comunhão como prolongamento da Missa da Ceia do Senhor, da instituição da Eucaristia, do sacerdócio ministerial e do dia do amor.
Que nós, vivendo esta ação Litúrgica, possamos atender o convite da Esposa, a Igreja, enquanto o Esposo, o Cristo, dorme, a permanecer com Maria junto do sepulcro, meditando a Paixão e a Morte do Senhor até que, após a solene Vigília em que espera a ressurreição, se entregue às alegrias da Páscoa, que transbordarão por cinqüenta dias.
Por isso já não somos impotentes diante do sofrimento e do mal. A solidariedade com Jesus e, através da sua Cruz, a solidariedade entre nós, pode fazer com que a Páscoa seja não apenas um rito anual, mas a segurança de uma Graça libertadora que nos será dada abundantemente, na medida do nosso compromisso com o caminho de Jesus, que é de libertação e de compromisso com a vida plena. Amém!
Por: Padre Wagner Augusto Portugal
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