sábado, 7 de maio de 2011

3º Domingo da Páscoa - ANO A


“Aclamai a Deus, toda a terra, cantai a glória de seu nome,
rendei-lhe glória e louvor, aleluia!”(cf. Sl. 65, 1s).


Celebramos neste terceiro Domingo da Páscoa o “Querigma”. A Primeira Leitura de hoje(At 2,14.22-33) nos apresenta o “protótipo” da pregação apostólica ou o “querigma”, a pregação de Pedro no dia de Pentecostes. Suprimida a introdução, At. 2,1-21, por ser a leitura de Pentecostes, a leitura inicia com o v. 22, anunciando que o profeta rejeitado ressuscitou, cumprindo as Escrituras. Não se trata de ver aí um cumprimento “ao pé da letra”, mas de reconhecer nos escritos antigos a maneira de agir de Deus, que se realiza plenamente em Jesus Cristo.

O importante neste querigma é o anúncio da Ressurreição como sinal de que Deus homologou a obra de Jesus lhe deu razão contra todo o mundo. O anúncio da Ressurreição é a vitória sobre a morte. O nucleio do discurso de Pedro em Pentecostes(At. 2,14-39) é o anúncio – querigma – da ressurreição de Cristo. Não só existem testemunhas humanas. Existe, também, um testemunho de Deus mesmo: a Sagrada Escritura: o Salmo 16 é aplicado a Cristo; o salmo era originariamente a prece de quem sabe que Deus não o entregará à morte; em Cristo, isso se verifica plenamente.

Já a Segunda leitura(1Pd 1,17-21) continua a meditação da Primeira Carta de São Pedro iniciada no Domingo passado. Cristo é visto como aquele que nos conduz a Deus. Sua morte nos remiu de um obsoleto modo de viver; por ele, isto é, reconhecendo a validade de seu modo de viver – e morrer – chegamos a crer verdadeiramente em Deus, ou seja, conhecemos Deus verdadeiramente. Deus é aquele que ressuscita Jesus, aquele que dá razão a Jesus e “endossa” a sua obra. Desde nosso batismo chamamos a Deus de Pai. Mas Ele é também o Santo que nos chama à santidade. Também o sacrifício de Cristo, o Cordeiro Pascal, nos obriga à santidade.

Estimados irmãos,

Jesus ressuscitou de fato e se tornou nosso companheiro. O Evangelho deste Domingo(Lc 24,13-35) nos traz grandes acontecimentos. A sua finalidade principal é documentar uma vez mais a Ressurreição de Jesus de Nazaré e mostrá-lo vivo verdadeiramente, como uma pessoa inteira e verdadeira, embora numa situação diferente e misteriosa. Como a Ressurreição de Jesus é o fundamento da fé católica e apostólica, da fé cristã, o episódio dos Discípulos de Emaús é também o retrato da comunidade, feita de discípulos de boa vontade, mas nem sempre inteiramente identificados com o mistério de Jesus Cristo. Apesar de ler as Escrituras, apesar de conhecer plenamente a vida de Cristo, apesar de escutar as testemunhas do Senhor Ressuscitado, vivem sem esperança, fogem a verdade e preferem andar pela vida mais como simpatizantes longínquos do que como membros conscientes e sensíveis de seu corpo e participantes plenos da missão e do destino de Jesus.

Amigos e Amigas,

Cleófas e seu companheiro de viagem não eram judeus. Por isso São Lucas ressalta estes personagens para nos demonstrar que a salvação veio para todos, indistintamente, para todos mesmo. Jesus não veio somente para os judeus, o povo eleito. Jesus veio para todos, por isso falamos teologicamente na universalidade da salvação. Jesus veio salvar a todos, sem distinção de raça ou de nacionalidade. Para se salvar é preciso aderir ao Cristo Ressuscitado. Na dúvida dos apóstolos e do discípulo está a grandeza da manifestação do Ressuscitado, para abrir os nossos corações, as nossas mentes para vivenciarmos a ressurreição.

Os próprios discípulos tinham uma idéia um pouco vaga de Jesus. Faltava ver Nele o Senhor e Salvador e não pura e simplesmente mais um profeta. A maioria dos discípulos ou dos apóstolos pensavam num Messias que viesse salvar todo o povo judeu, como líder militar. E um general morto nada poderia representar para aquele povo. Mas Jesus não era um general. Jesus era o Filho de Deus. Por isso foi necessário os sinais. Lendo os sinais os discípulos podiam enxergar o Cristo Ressuscitado, como o libertador e o Salvador, Aquele que redimiu a humanidade pela sua paixão, pela sua morte e pela sua ressurreição.

Jesus tinha o maior de todos os poderes: “o poder de dar a vida e retomá-la quando quisesse” (cf. Jo. 10,18). Jesus era homem, filho de carne humana, mas era o Filho de Deus. Não basta simpatizar com a causa de Jesus; é preciso nunca perder de vista a sua dimensão divina. O túmulo está vazio, mas isso não pode ser decepção, mas grande alegria, grande festa, porque Jesus ressuscitou verdadeiramente.

Estimados Irmãos,

Jesus é hoje verdadeiro discípulos de Emaús. O que é o companheiro? O Companheiro é aquele que parte e come o pão com o outro. Sem não houvesse a longa caminhada a pé e a conversa amiga, Jesus não teria tido a ocasião de ser companheiro. E isso era o mais importante. O comportamento de Jesus é o comportamento que cala profundamente no coração daqueles que crêem: Jesus caminha com seus discípulos, adapta-se ao itinerário deles, compreende, tem o coração de amigo, e só depois reparte o pão com eles. Um pão de mesa que, logo, logo, se torna o pão que lhes revela a divindade. Assim, nos também temos que caminhar com Cristo na Eucaristia, ouvir o Cristo, repartir com ele as nossas alegrias e as nossas esperanças, as nossas tristezas e as nossas angústias. Ser companheiro é perder o tempo com o outro. Ser companheiro é caminhar com o outro e repartir o pão na mesma mesa, é mais do que dar de comer, é mais do que esmola. No gesto de Jesus, há uma extraordinária lição de comportamento cristão. Dar de nosso precioso tempo aos outros, do essencial é a vivência plena da novidade cristã.

Estimados Irmãos,

Jesus explica as Escrituras aos discípulos de Emaús e reparte o pão com eles. Hoje o Ressuscitado continua a caminhar conosco. Quando partimos o pão da Palavra e quando repartimos o pão da Eucaristia, com os mesmo sentimentos com que Jesus o repartiu com os discípulos de Emaús.

A Missa tem essa dimensão grande: A Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucaristia. Devemos beber das duas fontes: a fonte da Palavra e a fonte da Eucaristia. Uma parte não existe sem a outra, formando uma unidade na missa. Depois de refletirmos os mistérios da criação e da salvação somos chamados a comer o próprio Cristo como maná que desce do céu para alimentar o nosso quotidiano. E isso nós devemos fazer como os discípulos de Emaús. Quando repartimos o que temos e o que somos com nossos irmãos, se estamos sentados à mesa eucarística do pão fraterno, estamos vivendo a eucaristia na vida diária. Repartir o Cristo Eucarístico, em seu Corpo e Sangue; repartir a Palavra de Deus e nossos pedidos pela comunidade, formando uma só família demonstra que somos seguidores do Cristo porque colocamos tudo em comum.
Sejamos loucos pelo Cristo, na fração Eucarística, presença real em nossa vida, comunhão de paixão, morte e ressurreição para vivermos uma vida nova, uma vida pascal, do Cristo glorioso que nos chama pelo nome e conosco caminha. Amém! Aleluia!


Por: Padre Wagner Augusto Portugal

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