sexta-feira, 15 de julho de 2011

16º Domingo do Tempo Comum - ANO A

"É Deus quem me ajuda,
é o Senhor quem defende a minha vida.
Senhor, de todo coração hei de vos oferecer o sacrifício,
e dar graças ao vosso nome, porque sois bons"
(cf. Sl. 53,6.8).



Meus irmãos,

É necessária a paciência para fazer a vontade de Deus. A sagrada liturgia deste 16º Domingo do Tempo Comum nos leva a refletir sobre o joio e o trigo. O joio representa o mal. O trigo simboliza o Reino de Deus na Terra.

Os homens, indistintamente, experimentam do bem e do mal. Todos já praticaram o bem e o mal. Saber viver bem é uma sabedoria que vamos buscar perscrutando os caminhos do Senhor Ressuscitado.

A resistência ao espírito do mal e a perseverança no bem se chama paciência. Os pecadores, ou seja, todos os homens e mulheres que decaem no pecado são convocados a retornarem ao aprisco do Senhor ou adentrarem no Reino das Bem-Aventuranças.

Irmãos e Irmãs,

A Primeira Leitura(cf. Sb 12,13.16-19) nos leva a refletir que Deus julga com brandura e exerce seu poder com benevolência. Deus infunde nos justos a coragem, a esperança e a capacidade de amar. Amar sem limites, amar sem reducionismos, amar o pecador e repudiar o pecado.

Deus não precisa prestar contas aos homens. Sua grandeza, Ele a demonstra julgando com benignidade, pois Ele tem suficiente poder; Deus não é escravo de sua própria força. Contrariando nossa impaciência e intolerância, Deus aguarda que talvez o injusto ainda se converta.

O poder de Deus se mostra na capacidade de perdoar. O israelita piedoso – como também o bom cristão – gosta de repartir os homens em bons e maus, e, quando se vê que Deus não observa a sua divisão, acusa-o de falta de personalidade.... Mas a sabedoria de Deus mostra-se tanto na paciência quanto no juízo. E, também, os “bons”precisam da misericórdia de Deus.

Meus queridos irmãos,

A parábola do joio e do trigo(cf. Mt 13,24-43 ou 13,24-30) nos ensina que é preciso ter presente na vida quotidiana a paciência. Uma virtude difícil, mas necessária dentro da normalidade dos eventos da vida diária.

Em tempos em que o homem se orgulha de dominar as tecnologias, as pessoas e as coisas, Jesus vem ensinar que a paciência é a virtude básica de vivificar os mistérios da fé e vencer as adversidades da vida presente.

Hoje os homens gostam de viver o imediato, o hedonismo desvairado. As relações sociais e amorosas são passageiras e efêmeras, o que não gera compromisso. A juventude conjuga o verbo "ficar", enquanto é necessário com prudência "degustar" as virtudes humanas com intensidade, perpetuidade e paciência, sempre deixando fixos os olhos para a escatologia, para o céu, para a visão beatífica de Deus.

O homem moderno não suporta mais o sofrimento, a derrota, as adversidades, a resignação. É próprio desta sociedade procurar uma solução para tudo e para todos os problemas. Não se tem paciência nem para as coisas espirituais. As pessoas não compreendem mais o tempo de Deus, o tempo da graça, o tempo da conversão, o tempo da amizade com o Senhor Ressuscitado.

O homem hoje quer satisfações imediatas. O homem quer eliminar os seus opositores, cortando etapas, abrindo caminhos tortuosos, antiéticos.

O tempo da Igreja é o tempo do crescimento. No último dia, separar-se-á o joio do trigo. Nem todos os que estão na Igreja, são dela – são eleitos. Esta situação deve-se à paciência de Deus. Ela não tira a força do crescimento.

Entretanto, as coisas de Deus, as coisas do Reino do Divino Salvador acontecem lentamente, e muitas vezes, com sofrimento e resignação. Por causa disso muitos hoje não enxergam a beleza do arco-íris, do por do sol, a leveza das plantas, o perfume dos campos, a grandiosidade da criação e do crescimento das plantações.

Meus irmãos,

Jesus trouxe o tempo da graça e da salvação. Jesus compara este tempo com o plantio e o crescimento do trigal. O Reino de Deus na sua realização terrena, embora sendo de graça e santidade, não nos dispensa da paciência diante do mal e da luta paciente contra o mal, que é o pecado que nos distancia do Senhor Jesus.

Muitos se revoltam contra Deus perguntando por que existe ou coexiste no mundo o Mal. O homem tenta explicar as guerras, a fome, à exclusão social, à falta de emprego, de comida, de dignidade. Mas o homem não consegue explicar o mal que provém do Mistério (Cf. 2Ts 5, 2-7).

O homem que é colocado diante do mal deve resistir e superar o mal. Isso é sua obrigação. Se Deus é o exemplo da paciência é sempre bendito o esforço humano para vencer o mal. Isso é paciência. Uma luta, ou seja, um combate espiritual contra o mal que somente será totalmente vencido ou superado no céu.

Meus irmãos,

O Reino de Deus é o trigal. Cristo veio semeá-lo em nossos corações e na nossa sociedade. É trigo bom, de amor, de justiça, de verdade, de perdão, de misericórdia. Somos uma comunidade de santos e de pecadores. Neste contexto todos somos convidados para a conversão, começando pelas pequenas coisas, até chegar às grandes coisas de nossa vida quotidiana. É na paciência que o Evangelho nos ensina que, com prudência e grade força de vontade, que os homens são convidados a lutarem contra o mal, contra o pecado, contra o Príncipe das Trevas, voltando par ao aprisco do trigal Celestial, pela mediação da Santa Igreja Católica.

Irmãos e Irmãs,

A Segunda Leitura(cf. Rm 8,26-27) de hoje mereceria uma atenção especial, como descrição daquilo que chamaríamos "espiritualidade". Pois, para muitas pessoas, espiritualidade é uma espécie de conquista de si mesmo, um treinamento militar, uma ascese, tanto que, antigamente, "ascese e espiritualidade" eram estudadas no mesmo tratado teológico. Ora espiritualidade cristã existe quando o Espírito de Cristo vive em nós, toma conta de nós. Isto não tem nada que ver com ascetismo, uma vez que o Espírito adota até a nossa fraqueza. Nós nem sabemos rezar como convém, mas "o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis" (cf. Rm 8, 26). Portanto, o importante é deixar-se envolver por este Espírito e não expulsá-lo pela auto-suficiência de nosso próprio espírito. Aliás, da nossa fraqueza, o Espírito de Cristo é que consegue dar conta; o nosso, dificilmente.

Fé e esperança são antecipações daquilo que ainda não está aí. Assim, nossa fé cristã é uma vida “a amadurecer”, inacabada. O “sopro”- “espírito”- de Deus a ajuda a se desenvolver desde sua infância – espiritual – desde a sua fraqueza, que ele adota. O Espírito conhece os dois “abismos”- o ser de Deus e o coração do homem. Como não temos bastante aptidão, seu soprar em nós é um gemido dirigido a Deus. No entanto, já nos faz ser santos.

Caros fiéis,


O Reino de Deus respeita as etapas de crescimento e de amadurecimento. O Reino de Deus, entretanto, tolera os maus e os pecadores, porque tem uma inabalável confiança na ação de Deus que sabe esperar a livre decisão do homem. Uma atitude construtiva de tolerância, paciência e respeito pelos tempos e pelas etapas de crescimento, tanto no interior da vida das comunidades como no de cada pessoa, e uma atenção ativa aos momentos da graça e aos sinais dos tempos, que surgirão no instante preciso.

Irmão e Irmãs,

Para falar do Reino de Deus, Jesus usa as parábolas. Compara o Reino a um agricultor que lança na terra a boa semente. Fala também de uma mulher que põe o fermento na massa para que o bolo cresça. Semente e fermento é o próprio Jesus. É ele quem faz acontecer no mundo o Reino de Deus. Na sociedade há pessoas que se preocupam com a vida e com a paz e há outras que resistem ao Projeto de Deus e geram o mal no mundo. Ao celebrar o mistério Pascal de Jesus, somos chamados a ser boa semente e testemunhar a justiça e o amor que vêm do coração do Pai, Amém!


Por: Padre Wagner Augusto Portugal










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